Elieser Borba – Áustria
Olá, leitores do “Brasil com Z”! A proposta desse texto tem como enfoque a discussão acerca do hábito de fumar na Áustria e minhas percepções acerca da prática. Posso falar com bastante propriedade sobre o tema por sempre estar travando uma batalha contra o cigarro. Como todo “bom viciado”- nem sei se isso existe – passo períodos longos sem fumar e períodos mais longos ainda entupindo meu pulmão de fumaça e diminuindo meus dias na Terra. Mas enfim, meu vício é papo para uma outra conversa!!
A primeira vez em que estive na Áustria, mais precisamente em Parndorf, no Estado de Burgenland, foi para visitar minha namorada e atualmente minha esposa. Isso se deu no início do inverno de 2016/17. Foram dias incríveis, até mesmo em virtude de eu ter vindo para o país por intermédio de amigos dela que fizeram um rateio de dinheiro e custearam meu vôo para presenteá-la no Natal. Ela queria muito me apresentar à culinária local, e a ideia foi comermos um schnitzel (carne de frango, porco, veado ou boi empanada). Me lembro que fomos comer numa Gasthaus (espécie de estalagem muito comum na Alemanha e na Áustria onde é possível comer, beber e por vezes dormir) em Bruck, um Condado vizinho.
Muito embora naquele momento eu estivesse em uma de minhas fases como “fumante” me lembro ter ficado estarrecido com o que me deparei ao abrirmos a porta do local para entrarmos. A quantidade de fumaça de cigarro que vinha do interior era absurda e totalmente fora do comum para mim. O estabelecimento estava repleto de pessoas, todas comendo ou aguardando suas bebidas ou refeições, mas ainda assim era um sem número de cigarros, charutos, cigarrilhas, cigarros eletrônicos e cachimbos. Nem perguntei se isso era permitido ou não, sendo que minha pergunta seria redundante. Bastava olhar ao redor para ter minha resposta de pronto e imediato! Estive na Áustria por quase um mês naquele período e não conheci tantos lugares além de Burgenland e Viena, no entanto, pude perceber como o hábito de fumar local é algo não só gritante mas é mais do que comum, é normal, tão natural quanto beber água quando se está com sede.
Pouco mais de quatro meses depois, de volta ao país para nos casarmos e iniciar a vida juntos me deparo com outra realidade ligada ao tema. Era verão, e nesse período do ano todo local que tem um pequeno lago na Europa vira área de lazer. Muito próximo de nossa residência existe um lago chamado Schodagruam. Lugar lindo e bucólico, mas em meu primeiro dia por ali observei a quantidade de guimbas de cigarro abandonadas na grama. Sai dali muito pensativo, e mais ainda por observar a recém colocada placa que proibia a presença de cães na área do lago. Aquilo me deixou intrigado, pois já era de meu conhecimento que muitos moradores do entorno acostumados a passear com seus animais ali desde filhotes estavam muito chateados e pensei: “Proíbem os cães, mas o lixo no chão não agride a natureza? Interessante!”
Nessa parte da história começa o protagonismo de duas atividades que realizo com prazer há anos: o ser artista plástico e ativista político. Durante uma semana resolvi acordar mais cedo do que me é de costume. Munido de um par de luvas e de uma sacola coletei o máximo de guimbas de cigarros que era possível. Montei algumas “guimbas de cigarros gigantes” a partir de todas as que foram deixadas por fumantes no local. Após uma semana, com todo o material pronto e com o auxílio de minha esposa colocamos na mala do carro e partimos ainda na madrugada para o lago. A ideia foi colocar as artes espalhadas por ali com uma única finalidade: Fazer as pessoas pensarem, fossem estas fumantes ou não, crianças, jovens ou adultos!! Os resultados práticos nunca soube, à não ser pelo fato da página do Facebook do vilarejo explodir de fotos e mensagens falando sobre a iniciativa. Mas é certo que o chamado “artivismo” é uma forma de educar, e todos nós somos educadores!
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Eliezer Borba é carioca e escritor independente. Para saber mais sobre ele, visite a mini biografia. Sigam-nos no Facebook, Instagram e Twitter para atualizações diárias sobre turismo, viajar e morar no exterior. Blog “Brasil com Z”, um website feito por brasileiros vivendo nos quatro cantos do mundo!
Me surpreende muito a Áustria ainda não ter banido o cigarro em bares, hoteis e restaurantes. Na Holanda não se pode fumar em lugar nenhum já há vários anos, desde 2010 se me lembro bem. Nem mesmo nessa ferries abertas (barcos semi descobertos) que fazem conexão entre a Estação Central de Amsterdam e a parte norte da cidade. Se você está no saguão de um hotel ou empresa fumando, será imediatamente convidado a ir fumar na calçada. Caso não o faça, chamam a polícia. As multas também são pesadas para os estabelecimentos que descumprem regras e permitem que clientes fumem.
Também não vejo guimbas em nenhum parque ou área de recreação.
Exatamente Ana!! Apesar que no momento atual existem muitas forças políticas fazendo um movimento imenso para coibir o fumo. Vamos ver quais serão os resultantes societários disso. Para mim é uma ação muito mais “política” de que voltada para o interesses social de saúde pública, mas ainda assim é muito válido!! 🤘✌
Não tinha ideia de que era assim na Áustria… Genial a sua ideia!
Valeu!!! Haha!!! 🤘✌😁
Curioso isso! Eu não sei como faria num lugar assim pois minha esposa simplesmente odeia cigarro. O mínimo cheiro e ela já fica incomodada.
Aqui no Canadá as pessoas fumam bastante, inclusive os joves, mas não em lugares fechados.
Curioso como pelo menos nisso o Brasil evoluiu bastante e do meu círculo de conhecidos lá no Brasil quase ninguém fuma.