Depois de um outono praticamente inexistente as temperaturas finalmente caíram na Holanda. Pela manhã antes de sair de casa há uma neblina que te obriga a ligar as luzes da bicicleta e percebo que o apetite aumenta nessa época do ano – já estou comendo muito mais! As noites já começam às 16h da tarde, e logo logo ficará tudo escuro a partir das 17h. O sono e a introspecção aumentam.
Exposição de esculturas de gelo em Zwolle, Holanda. Janeiro 2012. Foto: Ana Fonseca
Muitas pessoas do Brasil tem a impressão de que seja extremamente difícil levar uma vida normal durante um inverno no norte europeu. Bom, para esclarecer: há invernos mais pesados que outros invernos. 2012 foi congelado. Mas 2013 foi suave, fomos para a Alemanha visitar um mercado de Natal e não choveu nem ventou nem a temperatura ficou abaixo do 0°C. As crianças tem sim umas feriazinhas entre o Natal e o Ano Novo. Mas o ritmo continua o mesmo, todo mundo continua pedalando, indo para a escola e clubinhos disso e daquilo, o comércio abre normalmente, as academias de ginástica funcionam, a vida noturna, etc. Em Scheveningen (Haia) e várias outras cidades do litoral o povo vai de bota e casaco andar na areia da praia passear com os cachorros. Nos bulevares dessas cidade litorâneas, nos fins de semana o povo fica andando pra cima e pra baixo comendo peixe frito e batata.
Um dos canais congelados ddo centro de Amsterdam. Dezembro 2012. Foto: Ana Fonseca
Estive uma vez um fim-de-semana em Maastricht devido a uma festa do trabalho do meu marido durante janeiro e aí… que fazer até o horário da festa? Ninguém aguenta ficar andando horas na rua turistando. Visitamos igrejas, uma exposição no museu central da cidade e uma mina/gruta artificial desativada (há que se caminhar para fora do centro). Foi um fim de semana muito produtivo e prazeroso. Mesma coisa em Roterdã: inverno, frio cortante, chuvinha fina persistente… A solução é esquecer a vontade de fazer fotos ao ar livre e se jogar nos museus, galerias, concertos, shows, exposições e o que mais for coberto e aquecido. Creia-me, há muito o que se fazer. E ainda há aquelas pessoas que não são nada urbanas e continuam fazendo caminhadas pelos bosques durante todo o inverno.
Quintal congelado da minha casa e alguns quintas dos vizinhos, em 2012.
Minha família em cima de um canal congelado, pronta para ir patinar no gelo.
No interior do país também se patina no gelo, e como ! Foto feita na área de recreação het Twiske (entre Amsterdam e Zaandam). Rola até música, proveninete de caixas de som nos alto dos postes de luz. Há quiosques vendendo chocolate quente e comida frita com molhos variados funcionando nessas áreas públicas.
Bacalhau frito comprado na rua. Uma tentação o ano todo, especialmente no inverno.
Nijmegen: belos parques e bosques para passear durante o ano inteiro, mesmo com as árvores desfolhadas e a grama encharcada.
O inverno é também a hora de tomar muito gluhwein (vinho doce, aquecido e temperado com especiarias que pode ser comprado pronto no supermercado), pratos com leguminosas, abóbora, ensopados, carnes selvagens, folheados recheados e açucarados. Uma coisa que ainda me surpreende é que holandês toma sorvete o ano inteiro, mesmo no inverno.
Detalhe de um tronco de árvore coberto em tricô. inverno de 2011 em Leiden, Holanda.
Enfim, queixo batendo, lábios roxos e vida que segue. Sem reclamações. Como sempre diz uma amiga minha holandesa: “Só não pode ficar falando a toda hora que tá frio, tá frio – porque aí a sensação aumenta. Vá fazer alguma coisa para ocupar seu coração e sua mente”. Conselho seguido. Sempre.
(Todas as fotos desse post são de minha autoria.)
Muito legal seu post! Sempre ouço brasileiros reclamando do inverno, e taí seu compartilhamento otimista! Parabéns! 😉
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Tem o lado difícil também: acordar cedo no escuro e no frio, ir limpar o carro com a mão congelando. Bom, por enquanto não está nevando. Mas fazer muito frio e nevar também pode ser uma festa !