Breno Dechico, Japão
O Japão é um lugar fantástico e bonito para se morar. Internet de qualidade, segurança, meios de transporte bem distribuídos, mas indo para o interior já não é tanta ‘loucura‘ assim. O que eu quero dizer é: nem todos os lugares do Japão são como Tóquio. No interior do Japão há casas intercalando-se com pequenas plantações de arroz que, dependendo do local, pode ser até no terreno do tamanho de um terreno de casa.
A primeira coisa que eu percebi logo que eu pisei aqui, foi a visão de um lugar que existe pobreza também, mas não se aparenta tanto. Não tem favelas como conhecemos no Brasil por aqui. A diferença é drástica quando decolamos de Guarulhos-SP e pousamos em Narita. Chega a ser um choque.
Um outro item que eu reparei (esse é até bobo de minha parte) foi notar que o Sol no hemisfério norte “anda de lado” no céu. É lógico que no Brasil dá para se notar isso dependendo de que lugar você more, mas eu achei legal isso. Em Campinas-SP, minha terra natal o Sol passa por cima.
Os trens em Tóquio possuem uma frequência muito alta de circulação, vagões com monitores de LCD mostrando o mapa e que estação você está, avisos bilíngues (japonês e inglês). Já no interior… Olha o mapa pregado acima da porta e vai na sorte. Mesmo com o trem no interior passando de hora em hora; mesmo com algumas limitações, ainda sim dá para viajar o Japão todo apenas de trem.
Hoje em dia, se você for a um supermercado, o aviso que está na hora do fechamento do local, a moça no autofalante começa a falar em português. Dependendo da concentração de brasileiros, como os de Aichi, avisos, placas pela cidade toda EM PORTUGUÊS. Com certeza hoje em dia os estrangeiros tem muito mais facilidade em ficar por aqui do que a 30 anos atrás.
Não dá para negar que o suporte aos estrangeiros é grande. Panfletos de orientação em caso de terremoto em vários idiomas ou como jogar o lixo caseiro, por exemplo.
2.008 e 2011 foram dois anos de episódios lamentáveis para a comunidade brasileira no Japão. Não só falando na tragédia como um todo, que claro, matou muita gente, mas sim falando daqueles que só fazem é denegrir a comunidade.
Em 2008, houve uma crise aqui e os empregos caíram muito. O pessoal estava ficando desabrigado e sem lugar para morar tendo que cozinhar com lenha. Muitos foram embora, mas foram de um jeito desesperado e deixaram dívidas por aqui. Financiavam dois ou mais iPhones nas lojas, pediam dinheiro emprestado, deixavam apartamentos trancados mobilhados e com seus animais de estimação, largavam o carro no estacionamento do aeroporto e zarpavam para o Brasil. Uma das consequências disso é não poder mais comprar um iPhone sem cartão de crédito internacional. Em 2011 foi a mesma coisa, mas em uma escala um pouco menor. Não endeusando os japoneses, pois há sim o lado arruaceiro deles, mas ficou feio continuar por aqui sendo um brasileiro. Pode ser até paranoia minha, maaaass…
Hoje, em 2015, os brasileiros estão voltando a imigrar para cá com a oferta de empregos em alta somado com o dólar em alta.
As fábricas precisam de mão de obra jovem pois a população japonesa é cada vez mais idosa. Dependendo do local, ter um filho a prefeitura chega a te dar um prêmio em dinheiro.
Enfim, o Japão é uma terra híbrida onde se mistura uma cultura militar com tecnologia com muita oportunidade aos expatriados.
Gostaria de agradecer o convite da Carla Guanais para fazer essa postagem que o escrevo com carinho para o blog Brasil Com Z.
Um grande abraço a todos!
*Breno Dechico – Mais conhecido como Pandatômico, nascido em Campinas-SP, Breno em sua adolescência, aventurou-se a estudar a língua japonesa. Há 5 anos, resolveu correr pelado conhecer terras nipônicas onde mora até hoje. É blogueiro, vlogueiro, colunista e colaborador de um dos blogs mais acessados do Brasil: o Sedentario & Hiperativo. “Vende os seu próprios órgãos internos” para comprar novos equipamentos para seu estúdio.
Oi, Breno! Que post legal!!!Seja bem-vindo ao blog!! Eu sou a Juliana, moro na India, mas antes morei 7 anos no Japao. Tambem comecei a estudar a lingua japonesa em minha adolescencia (faz tempo isso, viu!?), depois nao parei mais, pois me apaixonei pelo idioma. Hoje, mesmo ma India, contino trabalhando com isso. Um abraco e vou ficar ansiosa pelos proximos posts para matar saudade do nosso querido “Nihon”.
Olá, Juliana! Queria eu ter tempo para poder voltar a estudar. É um idioma que particularmente acho um pouco chato, mas sem dúvida é essencial para se morar aqui, já que uma seleta parte sabe falar inglês. 🙂
Obrigado pelo comentário, mas eu sou só um autor convidado. Quem sabe um dia eu volte. Mata ne!
Oi, Breno!Obrigada pela resposta! Sim…tem que ser insistente com o “nihongo”, ne? Eu tambem tenho que voltar a estudar, porque minha JLPT 1 ja passou do prazo de validade. Sim, espero que volte sempre com mais novidades do Japao! Um abraco e tudo de bom!!!
Oi Breno,
legal você compartilhar um pouco da sua vida no Japão, que deve ser bem diferente do ocidente.
Acho uma pena mesmo os brasileiros que sairam do Japão na época da crise tenha deixado uma má imagem de todos os brasileiros.
Me diz uma coisa, é verdade mesmo que no Japão há uma pressão social sobre o individuo para ter uma vida modelo, de se casar, ter filhos, ter um bom emprego e ter sucesso ?
abs
Fala, Júnior!
Aqui o pessoal é bem machista, metodológico e cheio de hierarquias. As esposas são “treinadas” a servirem seus maridos e tal… Bom, a sociedade japonesa está bem mais “mente aberta” do que há 30 anos, quando foi aberta a entrada de estrangeiros.
Abraços!
Oi Breno, bem-vindo ao blog! Como vc deve saber, o Brasil tem a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão. No Brasil, eles são vistos como trabalhadores, honestos e esforçados, gente que luta pra vencer e chega lá. Tive amigos japoneses em São Paulo que imigraram pro Japão. O que eles contavam é que não era muito fácil se integrar. Será que o governo japonês investe na integração dos Nisseis e Sanseis que vão pra lá (curso de idiomas, encontros, etc.)? Seria algo muito importante pra integrar a população nino-brasileira. Longe de querer defender esse tipo de atitude dos brasileiros, mas ser imigrante não é lá muito fácil muitas vezes e, acho que na hora que bate o desespero, fica mais difícil agir racionalmente, principalmente sem ter emprego, moradia e estando longe da família.
Curti seu texto, fico já no aguardo das próximas curiosidades sobre a terra do sol nascente.
Olá, Arlete!
Realmente, tem que ter uma cabeça muito honesta para não fazer besteira nessas horas.
O governo japonês investe sim. Tem cursos, panfletos explicativos. O que falta é o interesse da comunidade em estudar. Nos exames de proficiência, apesar dos brasileiros serem uma população generosa por aqui, pouco são aqueles que o fazem comparado à outras nacionalidades. Eu mesmo, fazendo um mea-culpa aqui, peco um pouco na dedicação em aprender o idioma.
Grande abraço!
Oi Breno, tudo bem ?
Adorei seu texto, muito bom saber curiosidades sobre o Japão espero que vc nos traga mais novidade e se torne um autor efetivo.
Bjos .