W. Anderson – Japão
Eu queria poder encerrar esta série neste post, mas o assunto é extenso e acredito eu, existe em muitos países. De uma maneira ou de outra, a dificuldade de lidar com este problema acontece com todos, seja nativo ou estrangeiro. Em outros posts, irei abordar o tema sempre que houver algum destaque.
O bullying sofrido por muitas crianças brasileiras, que acompanhando seus pais em morar aqui, fez surgir uma grande quantidade de escolas brasileiras em todo Japão. Até a crise de 2008, era comum inaugurar uma nova escola brasileira, ou de forma independente ou associada à alguma metodologia de ensino reconhecido no Brasil. A maioria no entanto, (somente uma única obteve reconhecimento do governo japonês antes da crise) não tinha sequer reconhecimento do próprio governo brasileiro e nem mesmo do governo japonês.
Com a crise de 2008, muitas dessas escolas simplesmente fecharam as portas. Alunos ficaram sem seus históricos escolares. Outros, ao voltarem para o Brasil, tinham dificuldade em validar seus documentos escolares, justamente por falta de serem reconhecidas.
Outro problema com as escolas brasileiras, era o quesito atividade. As crianças tinham atividade pedagógica pela manhã e “lúdica” na parte da tarde. Ou vice-versa. Geralmente por um preço muito mais alto do que a escola japonesa. Mas como todos recebiam salários altos, pagar uma escola brasileira não era tão difícil.
As escolas japonesas desenvolvem atividades pedagógicas em período integral.
Com o fechamento de muitas escolas brasileiras e/ou com a perda do emprego em decorrência da crise de 2008, muitas crianças foram obrigadas a ingressar na escola japonesa, voltando ao risco do bullying que anteriormente, ajudou a criar o nicho das escolas brasileiras.
No Japão as coisas são muito antigas. Eles consideram (instintivamente) que se é mais fácil esconder um problema, do que evitar que aconteça novamente, justamente porque preferem não mudar regras e conceitos previamente definidos e por longa data assim executado. Isso dificulta muito que mudanças sejam realizadas, sejam em leis e costumes, sob pena, caso algo dê errado, alguém precisará ser responsabilizado. Um jogo de empurra-empurra ou simples omissão.
Já comentei aqui, que talvez o regime feudal ainda possua algumas seqüelas na sociedade. É comum um japonês entrar numa empresa e sair apenas depois de se aposentar. Durante esse tempo todo, ela simplesmente se acomoda e ignora até mesmo o bullying que sofre. Essa característica de submissão entre vassalos e suseranos, desenvolveu-se também em relação à submissão da vitima em não denunciar o bullying. Pior, por muito tempo, tratou-se o suicídio como algo natural, tudo apenas para não manchar a reputação dos demais, carregando para si, a pseudo culpa.
Talvez o Japão esteja “acordando tarde demais” para esse problema. Mas melhor agora do que nunca.
E você, já sofreu algum bullying? Relate nos comentários sua experiência.
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W. Anderson é engenheiro elétrico e mora com a família há 11 anos no Japão. Para saber mais sobre ele clique aqui.
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Na sua opinião, os japoneses fazem mais byling que os brasileiro devido as diferenças culturais ? Ou você acha que isto é uma coisa normal do ser humano ?
Infelizmente o japonês faz mais bullying do que o brasileiro.
A diferença entre o bullying feito pelo japonês é que como relatei, demonstra características feudais, ou seja, um ser suserano e o outro vassalo.
O brasileiro, faz por sacanagem mesmo, para se mostrar mais forte.
Outra questão envolvida nisso, é ao mesmo tempo, a omissão de não acabar com essa prática por causa de manchar a reputação e de induzir a vítima à culpa por sofrer o bullying.
Se bem que no Brasil eu sofri bastante com isto.