André Fernandes – Romênia, Mundo
Ao atravessar a Romênia de norte de sul, um país fascinante e desconhecido dos brasileiros, pude conhecer melhor Giurgiu, Bucareste, Brasov e Suceava. Quando se pensa em Romênia, o que vem na cabeça? Conde Drácula, a ginasta Nadia Comanechi, e o que mais? Pois há muito mais !
Conde Vlad Dracula (ou Vlad, “o Empalador”) da Transilvânia, na Romênia.
Uma figura histórica que inspirou muitas lendas.
Romenos levam a fama de serem os mais latinos no Leste da Europa. De fato, é visível entre os romenos a latinidade: no idioma, na comida, no temperamento, no calor humano, a receptividade a estrangeiros. A língua romena é muito próxima do latim. E não senti nenhuma barreira de idioma na Romênia, muitos romenos falam pelo menos uma língua estrangeira, já que não muita gente nesse mundo fala romeno.
Ao pisar no país, é visível a diversidade cultural construída ao longo de séculos. Como o país fica no meio da Europa, muitos povos passaram por seu território e deixaram suas marcas: romanos, gregos, turcos, húngaros, austríacos. E toda esta influência se vê na comida, na música, nas aparências físicas dos romenos, na arquitetura.
A religião predominante no país é o cristianismo ortodoxo, seguido por aproximadamente 86% dos romenos. E a capital é Bucareste, com aproximadamente 2 milhões de habitantes, é uma cidade com todas as opções que se imagine. Bucareste tem de tudo: bares, restaurantes, boates, parques, teatro, vida cultural, museus. E para os baladeiros de plantão, a vida noturna de Bucareste é show! Fica a dica!
Pontos para visitar em Bucareste
Parlamento: em romeno, chama-se Casa Poporu, que significa casa do povo. Como foi construído durante a ditadura do Ceacescu e de forma autoritária, romenos costumam referir o edifício como “Casa Poporului”, que em romeno, significa “casa do povo para você”, e não do povo.
Boulevard Unirii: fica na área central da cidade, numa área construída sob a inspiração da arquitetura parisiense, tanto que há até um Arco do Triunfo.
Gradina Icoanei: é um dos tantos parques na cidade de Bucaresti. Este fica bem na área central, próximo ao Parlamento e aos outros pontos turísticos na vizinhança.
Rua Constantin Mille: vida noturna com todas as opções, todos os dias. Vale lembrar que a vida noturna em Bucareste não se limita a esta rua.
O que experimentar na Romênia?
Mici: é um enrolado de carne de porco frito, lembra uma almôndega em forma de salame.
Sarma: é um dos legados do Império turco-otomano, também deixado em outros países do Leste Europeu. É um misto de carne e arroz, enrolado com repolho.
Cozanac: é um rocambole, comum em padarias e vendas locais.
Covrigi: uma rosca com semente, que romenos comem na rua a toda hora fora das principais refeições.
Palinka: é um destilado feito fermentando a ameixa ou alguma outra fruta como a cereja, forte como a cachaça!
A questão cigana na Romênia
A Romênia possui a maior comunidade cigana da mundo, com estimativas de 2 milhões de pessoas de etnia cigana, o que representa aproximadamente 10% da população romena. É um tópico que causa muitas polêmicas, seja pelo preconceito evidente de muitos romenos para com ciganos, pela situação de marginalidade em que estas comunidades vivem e pela falta de integração de imigrantes romenos – a maioria, ciganos – em países da Europa Ocidental, que tem resultado em deportações em massa como ocorreu na França em 2007.
A situação dos ciganos na Romênia é muito semelhante à dos negros no Brasil: escravização e marginalidade, que permanece até os dias de hoje em forma de miséria e analfabetismo.
É importante compreender que muitos dos ciganos da Romênia – e também da Bulgária – que tem imigrado à Europa Ocidental vem sendo usados por máfias para coletar dinheiro. É uma indústria da mendicância e de roubos de carteira, que movimenta muito dinheiro e também envolve tráfico de pessoas. Recrutados com a promessa de emprego, normalmente em áreas rurais muito pobres, ao chegar ao país de destino – que tem sido principalmente Itália, Espanha, França – ouvem algo como “você tem que trazer tal quantia de dinheiro por dia”. Como? Se vira! Se voltar de mãos vazias, o pau pega!
Adultos costumam mendigar e menores de idade, roubar. Se um adulto é pego, vai preso; já um menor de idade, o máximo que acontece é dormir uma noite na assistência social, e só! O dinheiro coletado é entregue a um líder do grupo, que repassa a um líder intermediário, que encaminha os lucros aos chefões na Romênia e na Bulgária. Chefões dentro de belas e suntuosas mansões chegam a receber por mês algo entre 100.000 e 300.000 euros. Isso mesmo! É um esquema dos grandes!
Deixando bem claro, não quero, de forma alguma, incitar preconceitos e generalizações. Tais formas de desvio social refletem séculos de exclusão e rejeição, e não a cultura das comunidades ciganas. Como tive a chance de conhecer um pouco das culturas ciganas no Brasil e em outros países, faço questão de esclarecer como posso.
Fotos desse post: André Fernandes (exceto as com os devidos créditos)
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*André Fernandes, nascido em Santa Catarina para ser um nômade pelo mundo. Atualmente está trabalhando na Suíça, mas escreve aqui no BZ sobre vários países que visita e já visitou. Saiba mais sobre ele clicando aqui. Siga a nossa página no Facebook para notícias atuais sobre viver no exterior clicando aqui.
Muito legal seu artigo. Demonstrou ainda mais o desejo de poder explorar a oportunidade de conhecer esse país, antes apenas existente, hoje, em meta para um futuro bem próximo.
Sempre admirei o idioma romeno, pois tem sua raíz latina e, relativamente fácil para brasileiros em aprender. Diria, mais fácil do que o inglês (enganado?).
Um amigo romeno, já falecido, enchia o peito para dizer que ela latino, assim como seus “semelhantes americanos” – numa referência à américa latina, que na maioria das vezes, era contestado por outros europeus, norte americanos e asiáticos, que ignoravam a verdadeira condição de que ser latino não se baseia ao fato de estar abaixo da linha com o México, mas sim, do idioma que se pronuncia ter sua raiz linguística ao idioma Latim.